Percorrera o caminho de sempre, e possuía o detalhe de cada rua, cada ladrilho, de cada loja, mas algo lhe deixava intrigado: nunca eram as mesmas as pessoas que passavam por ele. Uma ou outra talvez; sempre havia gente nova.
Enquanto pensava, uma senhora de passos lentos e calculados vinha em sua direção. Os anos somado a calçada escorregadia fizeram com que a pobre desse de joelhos nos ladrilhos. Sem titubear, ele segurou-a pelo antebraço e pelo cotovelo, ajudando-a a erguer-se.
-A senhora está bem? Algum machucado? Está doendo?
-Estou bem, meu filho... - disse com um sorriso meio sem graça.
-Mais cuidado da próxima vez!
E continuou andando. Achava que ela estava bem, fora apenas um escorregão, nada de mais. Apesar da idade, parecia uma mulher forte.
-Por que? - ela perguntou depois que ele estava a menos de um metro de distância.
-Desculpa? - disse, virando-se.
-Por que você me ajudou, jovem rapaz?
-Bem, a senhora caiu...
-Que Deus te abençõe.
Deu-lhe as costas e continuou caminhando com seus passos lentos e calculados.