quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Vovó

Senti a atmosfera mais densa ao acordar. Previsão do que seria aquele dia. Fui vendo e ouvindo coisas que me abateram profundamente. Decepções seguidas que me fizeram pensar porque eu ainda acreditei. Desejei não ter tido conhecimento de nada daquilo. Minha Vovó sempre diz que é melhor conhecer a realidade a viver na ilusão. E quem disse que desejo o melhor? Tentando não sofrer aumentei ainda mais a solidão. Já estava tão acostumando que não senti dor e me senti mais tranqüilo. Deitei e antes de dormir pensei: "amanhã é um novo dia, não é?". Não houve resposta

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Ela

Aquele era o único som que fazia meu tímpano vibrar veementemente. E eu o escutei. "Aqui? Agora? Impossível!" - pensei. Repetiu-se tantas vezes que parecia me chamar, como antes. Tive que conferir. Abri a porta e os cabelos, que a poucos metros de mim estavam, refletiram a luz (sim, aquela luz!) que faziam meus olhos cintilarem. Quase que no mesmo instante meu nariz captou as mesmas moléculas daquela inesquecível fragrância. Não me contive. Usei o penúltimo sentido. A maciez da pele não era a mesma. Meus olhos, que outrora haviam me enganado, confirmaram o equívoco. Desapontado, desculpei-me da estranha. No caminho de volta para o quarto lembrei o número do meu CPF. Feliz, sentei na cadeira e voltei a admirar o grafite do céu.