terça-feira, 7 de julho de 2009

Ás de copas

Metódico e extremamente pontual, não perdia tempo com nada. Tudo era milimetricamente calculado e executado com precisão. Odiava surpresas e coincidências. Conversas, poucas. Raramente expunha seus pensamentos. Guardava teorias. Não sorria. Não gostava de humor e tão pouco de leitura. E não sentia falta de nada nem de ninguém. Chato, anacrônico e ultrapassado. Seu coração, que mais parecia um iceberg, estava envolto em uma muralha de concreto.

Até que a conheceu. Fulminantemente e sem perceber, passou a gostar dela, e mais que isso: da sua companhia cativante, dos seus cabelos dourados, do seu perfume suave, dos seus olhos miúdos, da sua boca risonha, da sua voz de veludo...

As horas passam a ser marcadas pelo horário dela. O tempo, antes nunca perdido, é calculado para que o máximo seja passando com ela. Passou a ver coincidêcias em tudo e criar surpresas para agradá-la. Conversas, muitas, e todas, com ela. Seus pensamentos fluem como um rio de planície. Expõe suas teorias só para ouvi-la chamá-lo de maluco. Adora sorrir e principalmente vê-la sorrir. Ri das piadas dela e lê inúmeros livros (todos recomendados por ela). Sente falta dos momentos e dela... Chato, anacrônico e ultrapassado. Seu coração, que mais parecia um iceberg, derreteu, e a muralha cedeu.

Era tarde demais para se arrepender

Um comentário:

M. Anitelli disse...

Sim, eu não estava errada. Mais uma vez, vem me comprovar. Vejo um novo Marcus Suzak. Marcus Suzak com Chico Buarque! Exatamente!
Misturo os dois e vejo a tua escrita. Apenas a escrita, porque a história é sua, o roteiro é teu e a criatividade... Ah! Essa não podia ser de mais ninguém. Parabéns!