sexta-feira, 17 de julho de 2009

Perfume

Finalmente conseguiu: a rosa que tanto cativou, cuidou e regou, finalmente brotou. Suas pétalas lisas e macias, que eram um pouco manchadas, deixavam-na ainda mais bela. E eram tão brancas que davam ao dourado dos raios de sol um amarelo especial. Seu perfume... ah, seu perfume... era o que ele mais gostava, todo o cansaço ia embora quando sentia aquele aroma.
Sentiu-se orgulhoso e ao mesmo tempo frustrado. Lembrou-se de quando achou a semente no hospital; de quando arou aquele enorme terreno (sim, ela precisava de muito espaço, pois era especial!); do tempo em que perdeu dando-lhe atenção; de quantas ervas daninhas teve que arrancar.

"Será que valeu mesmo a pena?"

Sim, ela era grato a ele, fazia-lhe companhia, às vezes e deixava-lhe sentir seu olor... mas ele queria mais, queria a mesma dedicação e amor que havia dado a sua rosa.

"Não seria pedir demais a uma flor?"

Sim... era o que ele achava... essas coisas não se pedem, principalmente a uma flor. Talvez, com um pouco mais de adubo e de terreno (e tempo...), ele conseguisse. Mas estava cansado, havia despertado a inveja de outros jardineiros e perdido a amizade de tantos outros. "Você só se dedica a essa rosa?";"Pára de perder tempo";"Eu não gosto desse jardineiro". Sem falar nas outras plantas que havia deixado morrer.

Fitava-a com ternura, e era tão linda, tão cativante, tão especial, tão cheirosa, tão... tão...

Se fosse preciso, faria tudo de novo. Tudo para poder sentir, ao menos, sua fragrância...

Um comentário:

Liesel disse...

É uma pena que meu comentário se faça tão desnecessário, desta vez.
O texto diz tudo! É lindo. Mais uma vez [e incansavelmente] PARABÉNS!